Já tiveram uma viagem que saiu completamente dos planos – mas in a good way? Destinos foram cancelados, novos lugares improvisados, e aquilo que eu pensei que seria uma viagem de Interrail perfeitamente planeada transformou-se numa aventura muito mais espontânea (apesar de eu ter passado dois anos a planear). Só fazia sentido começar o meu blog de viagens a falar desta experiência.
Olhando para trás e não mudava nada. Esta viagem mudou a forma como penso em viajar – deixei de querer planear tudo ao minuto e passei a deixar-me levar pelas cidades. Curiosos para ver como o meu plano original se comparou com a realidade? Apresento-vos uma comparação do que achei que ia acontecer vs. o que realmente aconteceu – uma espécie de “Expectativa vs Realidade” de um dos melhores meses da minha vida.
Como os Meus Amigos se Transformaram Num Polvo de Peluche
Inicialmente, planeava viajar pela Europa com um grupo de amigos no verão de 2020. (Conseguem perceber onde é que o meu plano começou a falhar, certo?) Pois é… 2020 foi provavelmente o pior ano do século XXI para uma Eurotrip. Acabámos por adiar a nossa aventura para 2021 acreditando que esta coisa da “pandemia” já seria um assunto ultrapassado.
Spoiler alert: não foi. Os meus amigos arranjaram planos mais realistas do que uma viagem de mochila às costas pela Europa, e de repente, fiquei sozinha a com o meu sonho de fazer um interrail. Mas sinceramente? Depois de tanto tempo sozinha em confinamento, a ideia de viajar a solo já não parecia assim tão assustadora. Tinha-me habituado à minha própria companhia – quão mau podia ser? (Aparentemente, para alguns amigos e familiares, quase tão mau quanto ir para a guerra – mas isso é outra história).
O Plano Original
Planeei um pouco, mas não muito. A pandemia ensinou-nos a todos a não fazer planos a longo prazo. O que comprei antes da viagem:
- Passe do Interrail
- Autocarro e voo para chegar ao primeiro destino
- Reserva de 2 noites num hostel.
Nota: se quiserem saber mais sobre os vários passes que existem e o que é um interrail visitem o site oficial interrail.eu
O resto, logo se via. Levei um percurso alinhavado, mas estava pronta para o alterar. Foi a melhor coisa que podia ter feito. Não me interpretem a mal, não era um mau percurso! Muito pelo contrário, era um percurso até bastante sensato que recomendo. Mas o destino tinha outros planos. mas não estava destinado a acontecer. Aqui está o itinerário que pensava que ia seguir:
- 3 dias em Viena, Áustria (com 1 dia a visitar Salzburgo)
- 3 dias em Praga, Chéquia
- 4 dias na Polónia (1 dia em Breslávia e 3 em Cracóvia)
- 1 ou 2 dias na Bratislava, Eslováquia
- 3 dias em Budapeste, Hungria (meu deus, que erro de cálculo gigante…)
- 4 dias em Liubliana, Eslovénia
- 9 dias na Croácia (Passeando entre Zagreb, Split, Pula, Dubrovnik)
Total aproximado de: 28-30 dias
Porquê este roteiro?
- Eastern Europe vibes. Queria muito visitar a Europa de Leste no entanto, sendo a minha primeira viagem sozinha, não me estava a sentir muito confortável a ir a países como a Roménia ou a Sérvia. Estes países pareciam uma boa opção intermédia, onde me sentia mais segura. (não que a Europa de Leste seja perigosa, mas tem menos acessos em termos de transportes, e ao ser menos popular como destino de interrail significa que havia menos pessoas e isso deixava-me de pé atrás, hoje digo convictamente que adorava viajar sozinha nessa zona)
- Budget. Tirando um ou dois países, a maioria são sítios onde é fácil viajar com budget apertado, o que para mim era muito relevante.
- Opiniões. De amigos ou de blogs de viagens! A maioria dos países que escolhi foi por sugestões de amigos e família, mas também de blogs de viagem de quem faz disto a sua vida, e por isso sabem recomendar que cidades/países que fazem sentido em cada situação (no meu caso eu queria destinos “baratos, seguros e onde fosse fácil fazer amigos”)
- Transportes. Países com maior acessibilidade seja por linhas de comboio ou autocarros inter-cidades. Com a incerteza da pandemia, a última coisa que queria era ficar presa num país por não existirem opções baratas para sair de lá.
A Realidade
Quem olhe para este percurso vai dizer que não faz sentido nenhum. Mas olhem, fez sentido para mim. Fiquei onde senti que queria ficar e cortei aquilo que momento não fez sentido visitar. Marquei muitos hostels, comboios e autocarros com menos de 24h de antecedência e garanto que nunca fiquei sem um tecto onde dormir nem passei nenhuma fronteira a pé.
Aqui está o que realmente aconteceu:
- 3 dias em Viena, Áustria (com uma visita a Salzburgo)
- 3 dias em Cracóvia, Polónia (devia ter ficado mais tempo)
- 2 dias em Praga, Chéquia
- 6 dias em Budapeste, Hungria (literalmente o dobro do planeado)
- 5 dias em Liubliana, Eslovénia
- 5 dias em Itália (1 dia em Trieste, manhã em Pádua, tarde e 2 noites em Veneza, 1 dia em Verona e 1 noite e manhã em Bolonha)
Total de: 24 dias
Eu sei, mudei tanta coisa. E Itália foi uma agradável surpresa.
Um pequeno resumo das minhas mudanças:
- Cortei Wroclaw: porque honestamente não dava assim tanto jeito lá ir…
- Praga não correu bem. As pragas de Praga estragaram-me a cidade. Correu demasiada coisa mal e não estava a gostar por isso fui embora mais cedo. Mas prometo um dia regressar e tentar outra vez.
- Budapeste foi um sonho. Sem dúvida, a melhor parte da viagem. Era bonita, com uma vida social incrível, tinha muito para ver e era barata. Tinha ficado lá um mês inteiro se pudesse. Fui estendendo a estadia enquanto foi possível, e por isso cortei Bratislava. Fica para a próxima.
- Ljublijana foi tão bom que não queria ir embora. Fiquei mais tempo porque me estava a divertir. Não que haja assim tanto para ver, mas a companhia era boa (e os Escape Rooms também) e matei saudades de alguns amigos (e fiz muitos novos).
- Itália foi uma wildcard. Tudo começou com uma day trip a Trieste quando estava em Liubliana. Estava a ver voos para regressar a casa desde a Croácia, mas estavam caríssimos. Os hostels também eram caros e a previsão meteorológica só dava chuva para toda a Croácia. Tudo indicava que não devia ir. Depois, encontrei um voo a 20€ para Lisboa desde Bolonha e pensei, “Porque não Itália?”. Foi a maneira perfeita de acabar a viagem.
Resumindo, concluindo e baralhando…
Se tiverem curiosidade em saber como fazer um orçamento para uma viagem tão espontânea como a minha, ou como manter as opções em aberto enquanto viajam, deixem-me um comentário no Instagram! Adorava ajudar a planear a vossa próxima aventura.
Links úteis
- She Travelled The World (tirei imensas ideias e recomendações daqui, mal eu sabia que nos íamos conhecer em Cracóvia)
- The Savvy Backpacker (que bíblia para viajantes)
- Site oficial do Interrail Europeu (dá para esclarecer todas as dúvidas sobre o bilhete e também tem sugestões de roteiros)
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